Crônicas de Inverno
Ela acordou de sobressalto e olhou para o lado: 07h15. Se assustou pois estava perdendo hora para o trabalho. Nesses segundos quase eternos, lembrou -se que estava de férias.
Aliviada, mas ao mesmo tempo raivosa por ter despertado cedo e abruptamente. Isso gerou aquela pontada do lado esquerdo que só com 20 gotas de seu conhecido remédio iam lhe salvar o dia. O jeito foi levantar-se e programar-se. "Vou tomar café na rua".
Foi até sua cafeteria favorita lamentando fazer seu trajeto de carro. "Podia ser mais perto, por que não tem metrô, por que não sei andar de bicicleta"?
Entre duas músicas chega a seu destino, mas não sem antes reclamar das músicas.
"Essa rádio já foi melhor".
Era cedo, vésperas de feriado e eram férias, cafeteria vazia pode escolher seu lugar: canto. Pede seu desjejum e inicia a leitura do jornal disponível aos clientes. É interrompida na segunda página e deseja que aquele momento fosse eternizado: café amargo quente e pão crocante com manteiga escorrendo.
Paraíso interrompido por uma entrada quase triunfal de uma loira milimetricamente arrumada e perfumada até demais para aquela hora do dia. Era quase uma imagem saindo do Instragram.
Ficou incomodada com aquela perfeição diante da sua desarrumação permitida pelo seu descanso e sente sua paz acabar junto com o café. Não bastasse, fala forte ao telefone e assim foi, até sair com café para viagem. Fica sabendo que a loira ia viajar, que seu carro novo estava trocando óleo e que queria pronto até o meio dia, pede carona a três amigos e não consegue nenhuma. Reclama futilmente de sua vida.
Reclama da reclamação. "Que mulher fútil, não sabe o que é problema de verdade"...
Aliviada, mas ao mesmo tempo raivosa por ter despertado cedo e abruptamente. Isso gerou aquela pontada do lado esquerdo que só com 20 gotas de seu conhecido remédio iam lhe salvar o dia. O jeito foi levantar-se e programar-se. "Vou tomar café na rua".
Foi até sua cafeteria favorita lamentando fazer seu trajeto de carro. "Podia ser mais perto, por que não tem metrô, por que não sei andar de bicicleta"?
Entre duas músicas chega a seu destino, mas não sem antes reclamar das músicas.
"Essa rádio já foi melhor".
Era cedo, vésperas de feriado e eram férias, cafeteria vazia pode escolher seu lugar: canto. Pede seu desjejum e inicia a leitura do jornal disponível aos clientes. É interrompida na segunda página e deseja que aquele momento fosse eternizado: café amargo quente e pão crocante com manteiga escorrendo.
Paraíso interrompido por uma entrada quase triunfal de uma loira milimetricamente arrumada e perfumada até demais para aquela hora do dia. Era quase uma imagem saindo do Instragram.
Ficou incomodada com aquela perfeição diante da sua desarrumação permitida pelo seu descanso e sente sua paz acabar junto com o café. Não bastasse, fala forte ao telefone e assim foi, até sair com café para viagem. Fica sabendo que a loira ia viajar, que seu carro novo estava trocando óleo e que queria pronto até o meio dia, pede carona a três amigos e não consegue nenhuma. Reclama futilmente de sua vida.
Reclama da reclamação. "Que mulher fútil, não sabe o que é problema de verdade"...
Retoma a leitura. Percebe as mazelas da vida alheia pelo mundo. Tudo torna-se irrelevante perante a notícia de um pai e sua filha que literalmente morreram com seus sonhos à beira rio. Fechou os olhos, fez uma prece a todos àqueles que morrem buscando um mundo melhor. Perdoou-se pelas suas reclamações inúteis. Também não sabia o que era problema de verdade.
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